Governo lança estudo sobre perigos de opioide mais potente que o fentanil
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) lançou, no Palácio da Justiça nesta sexta-feira (24), um relatório sobre os riscos da substância química nitazeno. O estudo, que alerta sobre os perigos da droga, foi elaborada em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Entre julho de 2022 e abril de 2023, 133 das 140 amostras de opioides apreendidas pela Polícia Civil do estado de São Paulo (PCSP) continham o produto.
O metonitazeno foi o tipo de nitazeno mais encontrado e, em 98,5% das amostras, as substâncias estavam na forma de fragmentos de ervas, indicando que o consumo por meio de fumo é o mais frequente.
Esse formato é geralmente associado a drogas como cocaína e canabinoides sintéticos (drogas K), sugerindo que os usuários podem consumir nitazenos de forma não intencional.
Marta Machado, secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, comentou sobre os perigos da droga durante o lançamento.
“A questão dos nitazenos é preocupante, e não por sua disseminação – a gente tem um cenário de pouca disseminação ainda -, mas pela potência e pelos perigos dessa substância. […] Essa substância preocupa, por ser muito potente”, alertou.
A droga representa um novo desafio para as autoridades brasileiras.
A associação frequente de nitazenos com outras substâncias psicoativas exige atenção no momento da identificação de substâncias apreendidas e nos cuidados com o usuário.
Os nitazenos já foram detectados em três estados brasileiros – Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina – e pela Polícia Federal (PF).
“A gente vê, hoje, um cenário de aparecimento nos mercados ilícitos e isso é algo que precisa ser monitorado constantemente com a ajuda da Polícia Federal, das perícias dos estados e dos órgãos que compõem essa rede”, comentou Marta Machado.
Embora as apreensões ainda sejam baixas, é necessário o monitoramento da circulação desse grupo de opioides no país devido ao risco de overdose, parada cardíaca e alto grau de dependência.
“A produção do relatório foi feita de modo bastante colaborativo e é uma estratégia importante para estarmos preparados, como país e gestores de políticas públicas, para problemas que podem se tornar mais contundentes no futuro. Estamos preparados para enfrentar uma possível escalada da situação e monitorando esses riscos”, afirmou Marta Machado.
Para ela, esse estudo deve servir como uma ferramenta para proteger a saúde pública contra o nitazeno. “Uma das nossas estratégias é que esse estudo também seja um instrumento de proteção à saúde pública“, concluiu a secretária.
O que são nitazenos?
Os nitazenos são um grupo de Novas Substâncias Psicoativas (NSP), pertencentes à categoria dos opioides sintéticos, que surgiram no mercado mundial de drogas ilícitas em 2019.
A principal característica das substâncias do grupo é a elevada potência, que pode ser até milhares de vezes superior à da morfina e de outros opioides, aumentando o risco de overdose.
O uso pode causar tontura, náusea, desorientação e convulsões, além de apresentar alto risco de parada cardiorrespiratória e dependência.
As substâncias foram originalmente sintetizadas com a intenção de serem usadas como medicamentos, mas nunca foram aplicadas para esse fim, justamente porque foi constatado, antecipadamente, o alto potencial de causar vício e morte.
*Sob supervisão de Ronald Johnston
Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo lança estudo sobre perigos de opioide mais potente que o fentanil no site CNN Brasil.
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