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A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) recebeu, nesta segunda-feira (10), a visita de um grupo de estudantes e produtores rurais da Iowa State University, dos Estados Unidos. Liderado pelos professores Júlio Bravo e Kevin Kimle, o grupo faz parte do Departamento de Empreendedorismo Agrícola da instituição, que tem foco no agronegócio e na economia rural.

Durante a visita, Cleiton Gauer apresentou dados detalhados sobre o agronegócio mato-grossense, abordando as principais cadeias produtivas do estado, como soja, milho, algodão e bovinos, além de questões relacionadas à comercialização, ao mercado interno e externo, à oferta e à demanda.

Os produtores e estudantes americanos demonstraram interesse nos desafios enfrentados pelos agricultores brasileiros, especialmente no que diz respeito à comercialização e à logística. Eles destacaram que, nos Estados Unidos, os produtores contam com maior segurança jurídica e apoio governamental. Em Iowa, um dos principais polos agrícolas do mundo, a maioria das propriedades rurais pertence às mesmas famílias há gerações, o que fortalece a tradição agrícola da região. A Iowa State University, por sua vez, investe fortemente em inovação e empreendedorismo rural.

Robson Marques destacou a importância da troca de conhecimentos e da comunicação eficiente sobre o agro. “Precisamos comunicar melhor a realidade do agronegócio mato-grossense e brasileiro. O mundo precisa conhecer os desafios e conquistas do setor, entender nosso compromisso com a produção sustentável e a relevância do agro para a economia global.”

Marcelo Lupatini reforçou essa necessidade, salientando o papel da informação na desmistificação de conceitos errôneos. “O agronegócio não pode ser visto como um setor isolado. A união entre produtores, governos e sociedade é fundamental para que possamos continuar crescendo de forma sustentável. Precisamos combater os mitos e mostrar com transparência o que realmente acontece no campo.”

Já o diretor Ronaldo Vinha ressaltou a importância desse intercâmbio internacional de experiências. “O contato com produtores e estudantes de outros países nos permite aprender e também mostrar como funciona o agro brasileiro. Essa troca de informações fortalece nossa visibilidade e nos ajuda a aprimorar as boas práticas do setor.”

Os americanos também buscaram compreender melhor a legislação ambiental brasileira e seus impactos sobre a produção. Entre os temas debatidos:

Código Florestal Brasileiro – Considerada uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, exige que os produtores rurais mantenham uma porcentagem da área das propriedades como reserva legal, além de cumprir normas específicas para a preservação de áreas de vegetação nativa.

Moratória da Soja – Acordo voluntário entre indústrias e traders para não adquirir soja produzida em áreas desmatadas da Amazônia após 2008. No entanto, na prática, esse acordo tem penalizado até mesmo os produtores que seguem a legislação ambiental vigente. Muitos agricultores que desmataram suas terras dentro do que era permitido antes de 2008 e que possuem áreas regularizadas conforme o Código Florestal estão enfrentando dificuldades para comercializar sua produção, pois algumas tradings têm imposto restrições além do que exige a lei.

Cadastro Ambiental Rural (CAR) – Registro eletrônico obrigatório para todas as propriedades rurais, que visa monitorar e garantir o cumprimento da legislação ambiental, assegurando a regularização das áreas produtivas e a manutenção de áreas de preservação.

Os professores Kevin Kimle e Júlio Bravo aproveitaram a oportunidade para convidar a Famato a visitar a Iowa State University. Eles pretendem apresentar o Parque de Pesquisas da instituição e as iniciativas inovadoras do agronegócio e do empreendedorismo rural desenvolvidas pela universidade em parceria com empresas e startups da região.

A visita dos estudantes e produtores da Iowa State University reforçou a importância do diálogo entre diferentes realidades do agronegócio mundial e destacou o protagonismo de Mato Grosso como um dos líderes na produção de alimentos de forma sustentável.

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