Navio que colidiu com petroleiro no Reino Unido levava cianeto de sódio
Um navio de carga que colidiu com um petroleiro fretado pelo exército dos EUA na costa nordeste da Inglaterra na segunda-feira (10) transportava cianeto de sódio, de acordo com a empresa de inteligência marítima e revista de transporte Lloyd’s List.
Pouco antes das 10h, no horário local, um navio porta-contêineres de bandeira portuguesa chamado Solong colidiu com o petroleiro Stena Immaculate, que estava ancorado no Mar do Norte, a cerca de 16 quilômetros da costa inglesa, de acordo com a ferramenta de rastreamento de navios VesselFinder.
Todos, exceto um dos 14 tripulantes a bordo do Solong, foram trazidos em segurança para a costa, disse o proprietário do navio, Ernst Russ, em um comunicado.
Na segunda-feira (10) à noite, horário local, uma busca “extensa” pelo integrante da tripulação desaparecido havia terminado, disse a guarda costeira britânica.
Russ também disse em sua declaração que ambos os navios “sofreram danos significativos no impacto da colisão e do incêndio subsequente”.
A Crowley, uma empresa de logística dos EUA que administra o Stena Immaculate, confirmou que todos os membros de sua tripulação do petroleiro estão seguros. Um total de 36 pacientes foram tratados por serviços de ambulância após chegarem à costa, de acordo com Alastair Smith, chefe de Operações para Lincolnshire no East Midlands Ambulance Service NHS Trust.
O Solong transportava “uma quantidade desconhecida de álcool e 15 contêineres de cianeto de sódio”, informou a Lloyd’s List. Não está claro se o cianeto entrou na água.
O cianeto de sódio, de acordo com o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA, libera um gás cianeto de hidrogênio altamente tóxico que interfere na capacidade do corpo de usar oxigênio.
O Stena Immaculate transportava combustível militar para aviação e diesel marítimo a caminho de Killingholme, na Inglaterra, de acordo com um porta-voz da Agência de Logística de Defesa (DLA), uma agência do Departamento de Defesa dos EUA.
O petroleiro estava em um fretamento de longo prazo com a DLA Energy, que gerencia e distribui produtos de petróleo e combustível. Ele estava programado para reabastecer combustível para Killingholme antes de recarregar e entregar combustível para locais no Mediterrâneo, disse o porta-voz.
O Solong deixou o porto escocês de Grangemouth na noite de domingo (9) e estava indo para Roterdã, na Holanda, no momento da colisão, de acordo com o VesselFinder.
Martyn Boyers, presidente-executivo do vizinho Porto de Grimsby East, disse à CNN na segunda-feira (10) que viu pessoas sendo trazidas para terra e que ambulâncias estavam esperando para recebê-las.
Investigações em andamento
Não ficou imediatamente claro como ou por que a colisão ocorreu.
“Parece um mistério, realmente, porque todas as embarcações agora têm equipamentos técnicos altamente sofisticados para traçar cursos e observar quaisquer obstáculos ou qualquer coisa que eles tenham que evitar”, disse Boyers.
“É difícil realmente sugerir o que aconteceu, além do fato de que nunca deveria ter acontecido”, acrescentou.
O chefe do porto disse que o Departamento de Investigação de Acidentes Marítimos (MAIB) e a Agência Marítima e da Guarda Costeira (MCA) provavelmente investigariam o que deu errado.
“Como aquele navio continuou a se chocar contra o navio atracado? Deve ter havido alguns sinais de alerta. Eles devem ter conseguido detectar no radar”, disse Boyers à CNN.
Crowley disse que houve “múltiplas explosões a bordo” depois que o Stena Immaculate foi atingido pelo Solong, acrescentando que ele “sofreu a ruptura de um tanque de carga contendo combustível Jet-A1” devido à colisão.
De acordo com o VesselFinder, ele ancorou na costa inglesa após deixar o porto grego de Agioi Theodoroi no mês passado.
Uma enxurrada de navios de alta velocidade e rebocadores foi vista se movendo em direção ao local da colisão no momento da operação de resgate da guarda costeira, mostraram dados em tempo real do VesselFinder.
Especialistas dizem que vazamentos de combustível de jato tendem a impactar menos o meio ambiente do que vazamentos de petróleo bruto. Bactérias podem degradar as moléculas de combustível de jato mais rapidamente, levando a uma biodegradação mais rápida, disse Mark Sephton, Professor de Geoquímica Orgânica no Imperial College London.
“Embora as imagens pareçam preocupantes, da perspectiva do impacto no ambiente aquático, é menos preocupante do que se fosse petróleo bruto, porque a maior parte do combustível de aviação evapora muito rapidamente”, acrescentou o Dr. Mark Hartl, ecotoxicologista marinho do Centro de Biodiversidade Marinha e Biotecnologia da Universidade Heriot-Watt.
Mas o Greenpeace do Reino Unido disse em um comunicado que tinha “sérias preocupações” de que a carga a bordo dos navios, bem como o combustível dentro deles, pudessem representar uma ameaça à vida marinha.
“À medida que mais informações surgem sobre o que os navios estavam transportando, estamos extremamente preocupados com os múltiplos riscos tóxicos que esses produtos químicos podem representar para a vida marinha. O combustível de jato que entrou na água perto de um local de reprodução de botos é tóxico para peixes e outras criaturas marinhas”, disse o Dr. Paul Johnston, cientista sênior dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace na Universidade de Exeter.
Johnston pediu às autoridades que colocassem medidas em prática para conter a liberação de quaisquer substâncias tóxicas dos navios. “Devemos esperar que um desastre ambiental possa ser evitado”, disse ele.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Navio que colidiu com petroleiro no Reino Unido levava cianeto de sódio no site CNN Brasil.
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