Seja bem-vindo
Matupá,18/10/2024

  • A +
  • A -

“Imigração é uma solução, não um problema”, diz embaixador do Brasil na Itália à CNN

cnnbrasil.com.br
“Imigração é uma solução, não um problema”, diz embaixador do Brasil na Itália à CNN
Publicidade

A vinda de italianos ao Brasil é um exemplo de que a imigração é uma solução, não um problema, na avaliação do embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca.


Publicidade
Cumprindo agendas em São Paulo, o embaixador falou à CNN e analisou o tema, que diz ser “bastante polêmico” nos últimos anos na Europa. Mas o exemplo da imigração italiana mostra que “nossa sociedade é diversa, é forte e resiliente, exatamente por conta disso, porque a gente incorpora o que há de melhor dos povos”.


Ele cita, como exemplo, o fato de o número de crianças nas escolas estar diminuindo na Itália, e o país precisando cada vez mais de mão de obra. “A sociedade italiana precisa do ítalo-descendente e o brasileiro está nisso porque nós somos o país com a maior comunidade ítalo no mundo”.




Leia a íntegra da entrevista do embaixador à CNN:


O presidente Lula disse ontem que a celebração dos 150 anos da imigração italiana tornou as trajetórias dos nossos países “para sempre indissociáveis”. Como o senhor vê os laços entre Brasil e Itália?


Os laços entre Brasil e Itália são históricos. São laços que se fundam numa imigração extraordinariamente grande. Os italianos ajudaram no desenvolvimento do Brasil, tiveram impacto extraordinário na cultura brasileira, na formação da sociedade brasileira, na industrialização do Brasil. Então, são laços que vão além dos laços bilaterais de dois países, tem algo de extraordinário.


Agora em julho, uma série de homenagens pelo Brasil lembra o embarque da Força Expedicionária Brasileira para a Itália, na Segunda Guerra Mundial. Como isso marcou e tem marcado a relação entre os dois países?


Esta é mais uma passagem, mais um episódio que confirma essa relação estreita. O Brasil foi o único país da América Latina que enviou tropas para lutar na Segunda Guerra. Essas tropas chegaram àItália em julho de 1944 e tivemos batalhas bastante difíceis até a vitória em Monte Castello, e isso tem uma repercussão e um sentimento dentro da sociedade italiana, que até hoje permanece vivo. Eu já tive três ou quatro vezes na região da Linha Gótica, onde houve as batalhas na Segunda Guerra dentro da Itália, e, até hoje, mesmo que não haja muitos sobreviventes daquele momento, as pessoas que viram os episódios têm um sentimento de não só reconhecimento, mas gratidão aos soldados brasileiros. Os pracinhas brasileiros tinham comportamento diferente, eles eram mais solidários, eles compartilhavam alimentos, compartilhavam roupas com a sociedade, com a população, que naquele momento viviam uma situação bastante difícil. Então, isso tudo se preserva, esse sentimento permanece vivo. O soldado brasileiro é reconhecido como herói, a libertação da Itália das forças nazistas está intimamente relacionada aos pracinhas brasileiros.


Os pedidos de reconhecimento de cidadania italiana por brasileiros têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Como o senhor avalia esse movimento?


Olha, o fluxo é linear. Nós temos tido uma demanda, no governo italiano, de solicitações de reconhecimento de cidadania ao longo das décadas. Isso, a questão migratória, é algo que muitas vezes, sobretudo na Europa nesse momento, é bastante polêmico. Mas eu sempre insisto que a imigração é uma solução, ela não é um problema. E exemplifico com a imigração italiana no Brasil, que é um país de recepção de imigrantes do mundo inteiro. A nossa sociedade é diversa, é forte e resiliente, exatamente por conta disso, porque a gente incorpora o que há de melhor dos povos… O reconhecimento, muitas vezes, é demorado na Itália, mas nós temos trabalhado para facilitar o acesso dos brasileiros ao trabalho lá. Porque entendemos que a economia italiana precisa dessa mão-de-obra. Em 2013 entravam na escola 800.000 crianças. Já em 2023, dez anos depois, são 375 mil, menos da metade. E esse é um processo que se aprofunda, que se acelera, porque, cada vez mais, a nossa sociedade tem menos filhos. Então, a sociedade italiana precisa do ítalo-descendente e o brasileiro está nisso, porque nós somos o país com a maior comunidade ítalo no mundo. Todas as manhãs eu acordo e penso “o que que eu vou fazer naquele dia” para contribuir para a qualidade de vida do povo brasileiro. Então, pensar nisso é importante porque muitos brasileiros decidem imigrar e viver de maneira expatriada. A gente deve encarar de maneira positiva isso, como um processo, um movimento positivo. Porque esse brasileiro vai continuar contribuindo naquele país, ele cria uma rede de amizades. Então, não há razão para se ter uma percepção negativa da imigração. A Itália precisa dos brasileiros, precisa dos ítalos-descendentes. Então é preciso fazê-los entender esse lado positivo, empreendedor, que a gente pode ter na sociedade italiana.


Como representante brasileiro em Roma, que marcas o senhor espera deixar?


Nós encontramos uma situação de letargia das situações, um pouco causada pela pandemia. As nossas relações (Brasil e Itália) estavam paradas. A reativação desses mecanismos de diálogo tem sido uma prioridade. Nós adotamos um perfil muito mais aberto, mais democrático, transparente e acessível. Eu acho que a embaixada do Brasil em um país é a casa do Brasil nesse país. Então, nós precisamos sempre acolher, não só os brasileiros, mas também a comunidade empresarial, a comunidade acadêmica. Essa é a minha maior motivação: mostrar que nós estamos abertos e dedicados à melhoria de qualidade de vida do povo brasileiro, que é a única razão que a gente está no exterior, para estabelecer contatos que beneficiam o nosso país e o nosso povo. A visita do presidente italiano nesta semana ao Brasil vem coroar o trabalho que a gente tem feito nesses últimos dez meses, porque há uma grande convergência em 2024 de efemérides importantes, como os 150 da imigração italiana ao Brasil. Nós temos também uma coincidência de duas presidências, do G20 e do G7, que têm contribuído muito para aumentar a coordenação entre os dois países. Então, isso tudo propiciou uma agenda muito mais consistente, uma troca de autoridades, de visitas de autoridades, muito mais frequente, e isso relançou nosso relacionamento. É uma reativação que nós estamos vivendo.


Este conteúdo foi originalmente publicado em “Imigração é uma solução, não um problema”, diz embaixador do Brasil na Itália à CNN no site CNN Brasil.

Publicidade



COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.